quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Maiakóvsk

A FLAUTA-VÉRTEBRA

A todas vocês,
que eu amei e que eu amo,
ícones guardados num coração-caverna,
como quem num banquete ergue a taça e celebra,
repleto de versos levanto meu crânio.

Penso, mais de uma vez:
seria melhor talvez
pôr-me o ponto final de um balaço.
Em todo caso eu
hoje vou dar meu concerto de adeus.

Memória!
Convoca aos salões do cérebro
um renque inumerável de amadas.
Verte o riso de pupila em pupila,
veste a noite de núpcias passadas.
De corpo a corpo verta a alegria.
esta noite ficará na História.
Hoje executarei meus versos
na flauta de minhas próprias vértebras.


Vladimir Maiakóvsk

3 comentários:

  1. Adorei,
    adoro poesias mais profundas. E... analisando superficialmente... é tão mais bonito e poético imaginar uma pessoa que está a espera da morte se deliciar com lembraças das amantes e se doar a cada uma com a satisfação dos gozos. Nossa, lindo demais!

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  2. Legal sua interpretação.
    Pensei em um sarau mórbido mesmo...

    Quando leio esse poema sempre lembro do Feo, um amigo meu que sempre o declamava quando tinha algum sarau, ou o "Macc"(Mostra da arte contemporânea do Campus) da Unesp Araraquara.

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  3. Imaginei assim qnd ele convoca as amadas ao salão do cérebro fazendo fila. Como se fosse um delírio pré mortis rsrs Mas, independente da interpretação, o que vale é o que é sentido ao ler. e é bonito.

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