sábado, 26 de outubro de 2013

O Tejo

    O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
    Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
    Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia. 

    O Tejo tem grandes navios
    E navega nele ainda,
    Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
    A memória das naus.
    O Tejo desce de Espanha
    E o Tejo entra no mar em Portugal.
    Toda a gente sabe isso.
    Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
    E para onde ele vai
    E donde ele vem.
    E por isso porque pertence a menos gente,
    É mais livre e maior o rio da minha aldeia.


    Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
    Para além do Tejo há a América
    E a fortuna daqueles que a encontram.
    Ninguém nunca pensou no que há para além
    Do rio da minha aldeia.

    O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
    Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

       
    Alberto Caeiro

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Influxo




Invadido pela eternidade entre Augusta e Paulista, oh yeah. Como Breton 
buscando a curva na sombra, molhando palavras e preenchendo minha 
pseudo-poesia com a estética falida.

Meus cabelos pegam fogo e meu corpo viaja por dentro d'água que implode no asfalto 
revestido de sêmen e cocaína. Ando pelas ruas e um sarcasmo exclusivo me acompanha, 
mulheres vestidas com seus melhores sonhos desfilam beleza excessiva e 
fazem meu 
nauseado estômago viver um estado de plena primavera.

É quando folhas da nostalgia voam sem destino, apenas voam. 
E um olhar começa florir e reconstruir todo um verão.

Seus segredos gritam pelas minhas palavras em silêncio, os ouvidos ejaculam 
com a melodia dos anjos nesta noite em que misturamos álcool com nossas 
piores decisões. 

Soul apenas um escritor de vidros embaçados e ideias embaraçadas que sabe 
o segredo para viajar de graça. Mas o que importa é que ninguém perguntou 
nada. 

Sozinho, aqui estou. 
Rumo antissocial.

Leo Castelo Branco 

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